quinta-feira, 27 de março de 2008

Lusofonia Um Patrimônio Histórico Imaterial

LUSOFONIA
UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO IMATERIAL
MARCA DE PRESTÍGIO MUNDIAL
J. Jorge Peralta

I – PATRIMÔNIO INTANGÍVEL DAS INSTITUIÇÕES
           
1. Mesmo nos tempos modernos, monetarizados e materializados, as empresas, as instituições e até as pessoas representam um patrimônio intangível e imaterial.
Este patrimônio imaterial é constituído representado pela história, pelos princípios adotados, pelo bom nome conquistado, pelos propósitos que a impulsionam, pelos conhecimentos e experiências acumulados, pela “cultura implantada”, pelo respeito da sociedade e respeito mútuo.
É constituído ainda pelas habilidades e atitudes de seus mentores, pela eficiência dos processos desenvolvidos, pela produtividade e qualidade de seus produtos, pela imagem que projetam para o público externo, enfim, por tudo o que, não sendo material, palpável e contabilizável, produz satisfação e benquerença no público circundante.
O valor do ”nome” imaterial de algumas grandes empresas chega a representar somas muitas vezes superior aos ativos reais e materiais. No entanto, neste caso, às vezes, é mais consequência de um marketing intensivo e maciço do que de atitudes.
Nas empresas, como nas instituições, o patrimônio material, econômico, assim como o patrimônio imaterial, não econômico, já são considerados inter-complementares, como as duas faces constitutivas de uma moeda.
Nas empresas, o patrimônio imaterial está voltado para os resultados e para a produtividade de bens materiais, que garantem a viabilidade das empresas e das instituições, a curto, médio  e longo prazo.
A Língua Portuguesa seria abordada como patrimônio essencial e imortal a ser mais estudado e com novas metodologias e mais respeitado, como propõe – O Projeto GlobiLíngua.

2. As empresas, como as instituições precisam ter consciência de que, além dos resultados econômicos, contabilizados, precisam ter um compromisso social com a comunidade, através das oportunidades que oferece de desenvolvimento e boa convivência das pessoas, que levam à melhora da qualidade de vida e auto-estima das comunidades.
Os princípios adotados pela empresas e instituições, devem ter como meta, além dos resultados econômicos, imprescindíveis, ajudar a construir uma sociedade solidária, próspera, competente, justa e responsável,  onde um assuma  seus compromissos, por uma sociedade melhor para todos.
A cultura do compromisso social competente deve ser norma, na prática das instituições e das empresas.
Este patrimônio imaterial é a grande herança que, transmitida de geração em geração, garante a sobrevida das instituições e a sua capacidade de se  adaptar, para enfrentar  os desafios de novos tempos.
Quando estes valores imateriais e intangíveis começarem a desaparecer, a instituição começa a fenecer.
Há algo similar ao organismo humano: quando as vias começam a ser destruídas pelo colesterol, a vida periga. Precisamos desobstruir as veias do nosso organismo cívico para retomarmos nossa natural vitalidade.
As veias onde corre o sangue da nação estão semi-obstruídas - urge desobstruir as veias da nação para que ela  retome sua natural e multissecular vitalidade.
Mas, é bom lembrar que a empresa nunca pode assumir o que é papel específico do poder público, que cobra imposto para isso. O Poder Público deve ser cobrado para que cumpra o seu dever.


II – NOSSO PAÍS, NOSSA FAMÍLIA AMPLIADA
 Consciência de Nação

3. Fiz esta reflexão preliminar para aplicá-la a uma macro-instituição, como é um país. Mais precisamente, vou tratar do patrimônio imaterial, histórico e cultural, que é a Lusofonia, um dos patrimônios mais ricos da civilização ocidental. (Para quem a conhece, logicamente).
Como as empresas e as instituições sócio-culturais, os países também têm seu patrimônio de dimensão material e imaterial, intangível.
Os países precisam criar condições para o desabrochar do desenvolvimento e da prosperidade material das pessoas e da comunidade.
Mas deve, sobretudo,  dar condições de bem-estar, com qualidade de vida e auto-satisfação das pessoas.
As pessoas precisam ter motivos de orgulho de seu país e das qualidades de seu  povo.
Precisam ter motivos de orgulho de sua história, de seus heróis de verdade, sem fantasias inverídicas. Heróis “fabricados” têm ação deletéria na consciência e no caráter  das pessoas. Toda a mentira é, socialmente, deletéria.

4. O país, a pátria, deve, para todos, poder representar o bem maior, comum a todos.
É o orgulho e a auto-estima que dá força e coragem às pessoas de defender seu país, ainda que à custa da própria vida. Defender o país é defender a qualidade de vida das famílias.
Para que o povo tenha efetivamente orgulho de seu país, é necessário que seus líderes e  o povo sejam seriamente educados para adquirir ciência e competências, que cultivem o bom nome do país e saibam apreciar os grandes monumentos  e a história que transmitem.
Que as pessoas sejam educadas para a solidariedade, para a prosperidade e bem-estar das comunidades, com justiça, verdade e responsabilidade, onde cada um assuma um compromisso inalienável de cooperar e participar do progresso da comunidade e de cultura e defesa do bem-comum.

5. Nos tempos modernos, celebramos, com orgulho, os Grandes Pólos da Civilização Humana, que atraem as atenções do mundo.
De entre esses pólos, destacam-se a Caldéia, o Egito,  a Grécia, Roma, Palestina, Israel, Meca, o Ganges e Portugal.
Portugal tem uma história muito brilhante e auspiciosa. Precisamos redescobri-la. Portugal é, efetivamente, um ícone mundial.
Diz Rui Barbosa:
“Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos  e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são, os que não a invejam, os que não a infamam, os que não conspiram,  os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem,  mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos os sentimentos  grandes são benignos, e residem  originalmente no amor ....” (Rui Barbosa. Escritos e Discursos Seletos. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995)

III - LUSOFONIA COMO PARADIGMA

            6. A Lusofonia é um patrimônio imaterial de valor incalculável.
            No nome lusofonia estão contidos 2.200 anos de uma história excepcional, muito rica em lições cívicas e éticas.
Começou efetivamente, com os lusitanos, 200 anos a.C. Destes herdamos o espírito da lusitanidade, materializado na defesa do próprio território e do próprio direito à auto-determinação, na pessoa de Viriato, resistindo à invasão dos romanos.

Mil anos depois, a Lusitanidade corporificou-se como portugalidade, ao se transformar na mística que criou a alma e a força do novo país, Portugal.
            A Lusitanidade dos tempos modernos tem quase novecentos anos de história.
Portugal foi o primeiro país organizado, nos moldes dos tempos modernos.
            Foi estruturado com a reconquista de territórios aos mouros, que eram invasores do território.

Para se manter como país independente, Portugal precisou defender-se, em duras guerras e batalhas, e em muitas e constantes pelejas, com  o único país vizinho, a Espanha. As mais traumáticas tiveram por escopo consolidar a Dinastia de Avis, século XIV e a de Bragança, século XVII.

A duras penas, o país veio até nossos dias, garantindo a liberdade e a auto-determinação de seu  povo, com língua e cultura própria e em território próprio.

7. Entre os grandes feitos deste povo, o maior é certamente, a epopéia dos Descobrimentos Marítimos, com tudo o que daí decorreu.
Os Descobrimentos marítimos Portugueses representam talvez a  maior façanha da humanidade de todos os tempos .
Tão grandes que inspiraram a obra prima de todo o Renascimento Europeu, que foi o poema épico “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões.
Mereceu ainda fortes poemas de Fernando Pessoa e grandes celebrações do P. Antônio Vieira, em alguns de seus magníficos SERMÕES.
Os Descobrimentos Marítimos dos Portugueses significou a revelação ao mundo europeu de 2/3 do globo, ainda desconhecido.
Os portugueses fizeram  o  Mundo sair “redondo, do azul profundo”, como disse Pessoa.

Os descobrimentos Portugueses foi uma façanha humana descomunal. Representou um passo decisivo na integração de todos os povos.
Com estes feitos memoráveis, os portugueses, por todo o globo,  levaram sua cultura, sua espiritualidade, sua língua e seus valores humanos e cristãos, com destaque para o respeito mútuo e para  dignidade da pessoa humana.

8. Para espanto geral, sob os olhares complacentes e cúmplices dos “cidadãos” do 25 de Abril, não existem mais Descobrimentos Marítimos Portugueses. Foram criminosamente transformados em Descobrimentos Marítimos Ibéricos. Também não existe mais História de Portugal. O que existe é História da Europa. Para muitos, não existe mais Portugal: o que existe é a Ibéria (?!) Um descalabro inacreditável. Excesso de ousadia e de impunidade... Mas a cumplicidade ainda vai mais longe...
Precisamos reacender a chama de carinho por nosso país. Precisamos  reaprender a cantar, com Casimiro de Abreu:
“todos cantam sua terra
também vou cantar a minha.
Nas débeis cordas da lira.
hei de fazê-la rainha”

IV – ABALOS NOS ALICERCES DA LUSITANIDADE

9. A partir de 1580, por um golpe e alegando direitos hereditários, a Espanha assenhorou-se do trono de Portugal:  “comprou, herdou e conquistou” (?!). Dominou-o por 60 longos trágicos anos.
Finalmente em 1640, embora enfraquecidos, em todos os sentidos, os portugueses retomaram sua independência, pela Guerra da Restauração. A duras penas, venceram. E  assim venceu até hoje todos os reveses.

10. Em 1974 deu-se a Revolução do 25 de Abril. Inicialmente festejada como grande feito, até que foram sendo descobertas as falcatruas, antes escondidas. Sucedeu-se a desmoralização...
De repente, os portugueses sentiram-se traídos... e expoliados...
Hoje, a Revolução do 25 de Abril, compromete seriamente o patrimônio moral da nação, numa derrocada assustadora;
A grande derrocada é manifestada
pelos descalabros  a que conduziu o país;
pelo mal-estar e pela insatisfação da nação;
pela falta de credibilidade das pessoas;
pela veleidade dos princípios que adota;
pela destruição cerrada de uma cultura multi-centenária;
pela crise de qualidade da educação;
pela destruição da História do País;
pelas atitudes dúbias dos “mentores” do governo;
pela distância entre o que se faz e o que se diz e promete;
pela improdutividade da nação;
pela derrocada do patrimônio material e imaterial  da nação;
pela descrença e desânimo de muitos;
pela mútua desconfiança que se alastra;
e muito, muito mais...

O país, moralmente, está sendo levado a um estado lastimável, social e politicamente.
Seu patrimônio tangível (as riquezas materiais) e seu patrimônio intangível  (seus bens culturais e a índole do povo) correm risco de colapso.
O pior é que  esse  colapso talvez seja programado à distância...
O governo está se inviabilizando e contaminando o espírito da nação.

Mas o espírito da nação resiste, incólume por toda a parte.
Neste estudo, os gaviões de sempre, o vizinho do Leste, tenta tomar posição, “vendendo” uma imagem de prosperidade fictícia, no seu país.
Alguns armam golpes sorrateiros e pouco discretos para enfraquecer o espírito da lusitanidade, teoricamente invencível, ao menos até hoje.

11. A chamada “Revolução de 25 de Abril” produziu os mais graves e mais deletérios abalos que o país enfrentou, em toda a sua história.
O 25 de Abril, através de engodos de diversas naturezas, abalaram o próprio espírito do povo. Mancharam, a partir dos grandes centros, a auto-satisfação, a auto-estima e o orgulho de ser português. Fizeram isto com um desembaraço inacreditável. Foi montado um sistema maquiavélico, com cumplicidade internacional...ou gerenciado do exterior...

12. O português por essência, sempre teve um espírito universalista. Quanto mais portugalidade, mais universalidade.
A Geração 25, por seus mentores,  desonrou e excluiu da mente de muitos, a portugalidade, como algo descartável e retrógrado.
Primeiramente criaram a imagem sucedânea que foi a Europa. Então o português passou a trocar sua condição honrosa de português, pela nova marca  “nacional” (?!) “Agora somos Europeus”(!!)... Assim foi vendido o novo título (?!). Grande balela!!
Para facilitar, criou-se e alimentou-se o fantasma da “Guerra Colonial”, muito bem orquestrada, com um final irresponsável.

13. Foi exatamente a União Européia que ajudou a semear a miséria e o mal-estar de Portugal, no estabelecimento  das malfadadas  cotas, que sempre prejudicaram  o país, ante o silêncio complacente, servil e cúmplice dos  representantes do 25 de Abril. Só a verdade histórica recupera o orgulho ferido da nação. Já está em curso...

Quiseram inviabilizar Portugal e tiveram “auspiciosos  (?!) resultados.
Réquiem para  todos os  “quinta coluna”, para todos os “agentes duplos” à moda de Sun Tsu.
Portugal saberá  reencontrar seu caminho...
A nova Restauração já está em Curso, em plena luz do dia, sem recurso às costumeiras conspirações, que tornam o processo muito mais doloroso e mais lento.

V – PORTUGAL , A LUSOFONIA E A LÍNGUA PORTUGUESA
MARCAS DE PRESTÍGIO MUNDIAL

            14. Portugal e a Lusofonia são marcas de prestígio mundial. Precisamos investir muito nessas marcas, carregando-as de orgulho sadio,  realista e de auto-estima.
A marca PORTUGAL é uma marca de grande prestígio. É uma marca muito forte.
Tem 600 anos de intensa atuação internacional e intercontinental.
Seu feito maior, os Descobrimentos Marítimos, é também  o maior feito de toda a História Moderna do Mundo,.
Outros grandes feitos:
- Levou a Civilização européia e cristã por todo o globo terrestre, para o Oriente e o Ocidente.
            Especial destaque merece a “construção” do Brasil, hoje um país que se destaca no cenário mundial.
Outro destaque é a cultura e a Língua Portuguesa, que deu ao mudo grandes mestres, com destaque para Camões, Vieira, Pessoa, e muitos mais

15. A LUSOFONIA é outra marca mundial de alto prestígio.
Língua Portuguesa como alma da globalização.
A Lusofonia vai reunindo os povos de língua oficial portuguesa, articulando um grande Pólo de Desenvolvimento que deverá ter alto prestígio mundial, ao lado dos demais Pólos, neste mundo multipolar.
Mas Portugal tem muitas outras marcas de prestígio mundial, tais como:
Lisboa, Coimbra, Tejo, Algarve, Porto, o Vinho do Porto, etc, etc.

16. É por tudo isto que sabemos que a altivez natural, simples, realista e discreta dos portugueses voltará a mostrar ao mundo, como é gratificante ser português.

Bibliografia:
CORTESÃO, Jaime. História dos Descobrimentos Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990.
[Em Construção]

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