SUBSERVIÊNCIA DA LUSOFONIA
OU ABUSO DA ESPANOFONIA
(REFLEXÕES SOBRE O ENSINO OBRIGATÓRIO
DE ESPANHOL NA REDE ESCOLAR)
J. Jorge Peralta
1. Nas relações mútuas internacionais, há normas sérias a serem respeitadas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece normas que todos se comprometeram a cumprir para garantir a prosperidade, a integridade e o bem-estar dos povos. A Geopolítica é uma questão muito séria. Há limites que todos precisam respeitar de fato e não só no faz de conta.
Todos os países são iguais diante da Lei.
A subserviência de um País a outros é sempre deprimente.
O respeito das nações tem de ser mútuo.
No entanto, há abusos intoleráveis, a serem revistos.
Cada país precisa estimular a auto-estima e o cultivo dos grandes ideais e grandes feitos da nação.
2. Vejamos um fato paradigmático de negligência e tratamento desigual:
Por decreto e acordo mútuo, Portugal e o Brasil, cada um a seu modo, devem implantar o ensino do espanhol (castelhano) em todas (?!) as escolas. O mesmo deve fazer a Espanha e os Países da América do Sul: implantar o ensino de português em toda a sua rede escolar.
Portugal e Brasil apressaram-se a cumprir o acordado, impondo o ensino de espanhol, como segunda língua em toda a rede.
Como a grade escolar tem tempo limitado, as aulas de espanhol vão levar a redução da carga horária de ensino de português ou de história.
E lixe-se a formação da cidadania lusófona. A quem interessa esse desconforto?!
Desestrutura-se e conturba-se a lógica da grade curricular, para atender políticas circunstanciais personalistas...
No entanto, nem a Espanha nem os países da América do Sul estão cumprindo esta norma. Não há reciprocidade. Então nós também estamos dispensados do acordo. É questão de equidade.
Por que alguém não faz uma pesquisa de amostragem, in loco, nas escolas da América do Sul hispânica e na Espanha?!
A tirania está à solta. O “lobby” de Madri tem de ter limites... No interesse do país.
Os governos de Estado, que não estão cumprindo esta norma, estão sendo ameaçados até de perder o cargo. Isto é outra aberração...
3. Quanto custa isto ao país, em termos de formação cidadã? Qual o retorno?! Esta disciplina, o ensino de espanhol, não interessa a mais de 15% das escolas do Brasil. Por que impô-la a todos, tiranicamente? A quem interessa este contra-censo, sem reciprocidade?! Isto é servilismo.
Os deputados são cegos?! Já pensaram quantos professores, de português e de história, vão ficar sem trabalho para ceder espaço aos professores de espanhol?!
O espanhol deveria ser oferecido, em horário complementar, para quantos quisessem aprender a língua. Nunca dentro da grade. Esta é uma decisão nada democrática. É a lei conturbando os direitos humanos; é tirania. Não tem legitimidade ainda que seja legal.
Em contrapartida, a Língua Portuguesa deveria (de fato) ser ensinada nos países espanófonos, em igualdade de condições, sob rigoroso controle semestral..., pelas autoridades lusófonas...
Pela lógica política, os espanófonos deveriam aprender a língua portuguesa; os nossos não têm tanta necessidade de aprender a língua vizinha – Ou queremos que os nossos falem com os vizinhos na língua deles, quando vão ao país vizinho e também falarão na língua deles, quando eles vierem ao nosso país?! Onde está a equidade? Que cidadãos “livres”, queremos formar?
Diplomaticamente é uma aberração, repito.
Alguns estrangeiros instalam-se, nos domínios da lusofonia, sem o mínimo respeito ao país acolhedor. O respeito tem de ser mútuo. Sempre.
Os falantes da Língua Portuguesa e os da Espanhola estarão sempre em confronto?! Não acredito. Cada uma cuide de seu espaço. A Língua Portuguesa deve exigir, sempre, reciprocidade absoluta. Ceder sem reciprocidade é capitular. O respeito mútuo é uma atitude digna e cidadã, imprescindível, mas está em falta... Alguns só faturam no confronto. É pena...
Nada contra a língua espanhola. É uma língua bela, como a língua portuguesa também é bela. Precisamos buscar formas de convivência, sem conflitos primitivos ou armados. Para que haja a plena reconciliação solidária dos povos, será preciso que as pessoas inescrupulosas não engendrem projetos de pseudo-supremacias que dão pseudo-vantagens de uns sobre os outros e são gestadores de conflitos.
O caminho não é combater desmandos, que não podemos deixar de fazer, mas, principalmente, melhorar o ensino de Português. Precisamos incrementar o Projeto GlobiLíngua. Esta é a nossa bandeira.
4. Essa questão de ensino do espanhol, obrigatório no currículo, já é um absurdo, por empobrecer outras matérias essenciais. Por que os educadores não reagem?
É urgentíssimo repensar essa questão, com coragem. Quem perde e quem ganha?!
Em relação aos espanofalantes, os lusofalantes nunca poderão se considerar subalternos. Não o são e nunca serão. Entre irmãos não há superiores, nem subalternos. Fraternidade e lealdade são atitudes essenciais. Uma sem a outra não prospera. Só gera conflitos.
5. Fala-se que o espanhol é mais importante do que o português, na América do Sul. E todos concordam.
Argumento: São 9 (nove) países de Língua Castelhana e 1 (um) de Língua Portuguesa.
Argumento falso e manipulado. Há, na América do Sul, mais falantes de Língua Portuguesa, num único país, o Brasil, do que nos 9 (nove) países de nos 9 (nove) países de Língua Castelhana.
Em todos os sentidos, o Brasil, país continente, é uma potência muito maior do que todos os espanofalantes, juntos, em todos os sentidos. Isto não diminui nada os países “espânicos”. (ver “O Brasil na América do Sul”) Clique
Simplesmente é um fato, facilmente verificado. Devemos, portanto, deixar de sofismar nesta questão comparativa. Cada país é o que , e assim deve ser respeitado.
Os interesses estrangeiros nunca poderão se sobrepor aos interesses de uma nação soberana. Interesses circunstanciais não podem prejudicar os rumos da história.
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