sábado, 11 de junho de 2011

Uma Trombada do MEC

TROMBADA DO MEC AFRONTA A EDUCAÇÃO

ENSINO DA LINGUA MATERNA EM DISCUSSÃO

José JPeralta
I
CONCEITOS DELETÉRIOS EM LIVROS DIDÁTICOS CHEGAM À ESCOLA

1. O Tropeço do MEC
O Ministério da Educação do Brasil acaba de apoiar um ataque
gratuito à unidade linguística do país, apoiado em autores em que escasseia uma visão holística e universal do universo linguístico da nossa  Língua Portuguesa.
O MEC deu aval a uma linha de pensamento nefasta prejudicial à  construção de uma sociedade solidária e plural, com oportunidades iguais para todos. Desrespeita à dignidade dos cidadãos brasileiros, atuantes, pelo bem do país, no ensino de Língua Materna e ainda  discrimina os carentes,  ao propor no ensino da Língua Materna, um modelo precário, como se todos não assistissem TV e não escutassem rádio e o padre, ou pastor, além de outras pessoas cultas, vivendo em guetos, isolados do mundo. Inacreditável equívoco!
Não é com uma educação pobre que se ajuda os pobres a vencer a pobreza.  Educação pobre e frouxa reproduz pobreza e confina os pobres nos espaços pobres, sem alternativa. Preservar  a pobreza.
A Educação precisa ser adequada, mas não rebaixada. Rebaixá-la para as pessoas da periferia é crueldade, discriminação e preconceito e é demagogia barata.
Educação Democrática é forte e firme para todos. Apenas é preciso adequá-la na metodologia e na motivação, sem discriminação.
Os frouxos não chegarão a lugar nenhum. Os mornos submergem
Não esqueçamos que os mais fortes símbolos de um país são a Língua Oficial e a Bandeira. As duas exigem o máximo respeito e precisam ser ensinadas com o máximo respeito.

2. Preconceito Contra Alunos da Periferia
Discriminar os alunos das “periferias” como se fossem menos talentosos é, no mínimo,  uma atitude falsa e antidemocrática. Quem já trabalhou com a “periferia” e com as classes A e B sabe que todos nascem com idêntico potencial de inteligência. O que distingue as pessoas não é o berço mas as oportunidades educacionais de que dispõe. Muitas vezes as crianças da periferia têm até um potencial maior. Se lhes dermos oportunidade de desabrochar poderão vir a ser pessoas de destaque. O determinismo do fracasso não é válido em regimes democráticos.
O MEC está dando o aval a uma discórdia insana. Alguns dizem que  combatem o preconceito linguístico. No entanto, o que fazem é criar preconceitos de muitas dimensões, sonegando conhecimentos, como se as pessoas da periferia fossem menos capazes de aprender.
Precisamos criar e incrementar estratégias para superar nossas precariedades sócio-educacionais e não para perpetuá-las. Educação de qualidade para todos é uma exigência inquestionável.

3. Estratégia Deletéria em Livros Didáticos
Está em jogo, detonando rumorosa polêmica nacional e internacional, o livro “Por uma Vida melhor”, distribuído pelo MEC, cujo título mascara o descontrole provocado pela obra. Mas o problema está muito além deste livro. É questão  de uma estratégia   deletéria  que instrumentaliza o espaço escolar, que deveria ser inviolável a jogos estranhos. O problema está nas diretrizes de opção e em seus gurus.
Problema muito mais sério do que o livro, que motivou esta polêmica, são outros livros didáticos, da mesma linha, há alguns anos sendo adotados como livro texto em Faculdades, nos cursos de Letras e no Ensino Básico.
O Brasil só agora está tomando ciência do que acontece nas escolas!! Antes tarde do que nunca.

O MEC deixou-se dirigir por neófitos que parece não medirem as consequências de suas ideias. As propostas precisam de  amadurecimento para serem implantadas, em tais dimensões. Ideias superficiais e imaturas não resolvem, antes agravam as carências escolares e as perturbam e perpetuam.
Como princípio as inovações são difundidas somente após séria experimentação, em alguns espaços paradigmáticos, em contexto e condições diferenciados, cientificamente acompanhadas e avaliadas. Aqui falta rigor, respeito e prudência. Há claros posicionamentos imaturos. A ideologia subjacente prejudicou o bom senso.
           
4. A Decadência da Educação e a Arrogância de Alguns Linguistas
O texto, com outros estudos paralelos que lhe dão sustentação e defesa, rebaixa e nivela por baixo, em vez de elevar o nível sociocultural das comunidades.
Criou-se então uma polêmica que só pode cessar quando o MEC recolher todo o material distribuído às escolas, com tão perniciosas diretrizes. Aliás, a Justiça já deu ordem de recolha da obra em pauta, que escarnece da inteligência nacional.
Não permitamos que se agrave a decadência em que está mergulhada quase toda a nossa Educação.
Falta, a certos, “especialistas”, algumas noções de humanismo e respeito ao “outro”, que pensa diferente, com todo o direito. Faltam-lhes algumas noções de convivência e consciência de que ninguém é superior a ninguém e que ninguém tem o monopólio da verdade ou do certo e do errado. E muito mais. Quem tenta humilhar o outro sai humilhado. São os demolidores que  acabam nos escombros  que produziram. Um dia talvez aprendam que é melhor somar do que dividir,  ainda que dê mais lucro falar de preconceito. Aos educadores exige-se mais lucidez e mais serenidade. O Diálogo é fundamental.

Uma Polêmica necessária


II
UMA POLÊMICA NECESSÁRIA E OPORTUNA

5. Uma Praxe Universal em Questão?!
Estou convencido de que o texto distribuído pelo MEC é um atentado à Unidade da Nacional, não pelo livro, em si, mas por ser uma porta de entrada de diretrizes insustentáveis, míopes e imaturas, criando discórdias inglórias.  Neste caso, seria um crime de lesa-pátria. O MEC exorbitou em suas competências.
Lembro que a Língua é poder. Merece todo o respeito. O MEC não tem poder para dar à Norma Culta da Língua uma alternativa opcional. Isto tem sabor e marca de desordem, a ser investigada e corrigida. É uma grave imprudência.
Num país de critérios mais firmes e menos populismos, e mais patrióticos, este fato em pauta, pelo mal que potencia e pela celeuma que provocou, seria motivo para a queda do Ministro da Educação.
Em todos os países da Civilização Ocidental, a Norma Oficial da Língua do país é a Norma Culta; a Norma que foi mais polida pelos grandes escritores, artistas do discurso.
A Língua oficial é sempre normatizada pelos gramáticos e linguistas e divulgada na Gramática Normativa. Assim, a Gramática Normativa veicula a Norma  Oficial da Língua Nacional. Nessa Norma são escritos os Documentos Oficiais do País.

6. Linguistas, Gramáticos e Língua Materna
No entanto, a Gramática Normativa é dinâmica. Não estática como propalam alguns néscios. A Gramática Normativa está sempre sendo aperfeiçoada a partir das contribuições de outras ciências, tais como a Linguística, a  Sociologia, a Literatura, etc.
É preciso esclarecer que  a Linguística  não se confunde com a Língua. A linguística é a Ciência geral  de todas as Línguas, da linguagem verbal. É uma ciência que fornece modelos abstratos.
A Gramática estuda  os signos e as leis combinatórias de uma Língua Particular.
Os linguistas exorbitam ao quererem impor seus modelos às Línguas Particulares, como a Língua Portuguesa.
A Linguística é, para as ciências humanas linguagem verbal, o que a matemática é para as ciências exatas. É uma ciência básica.
Os linguistas enquanto linguistas, não tem direito a interferir no  ensino de  uma Língua. Este é o campo natural do letrólogo, do licenciado em Letras, com habilitação em Língua portuguesa, no nosso caso.
Teoricamente, o licenciado é competente  na área. No entanto,  na atualidade, os Diplomas nem sempre são atestado de competência. Muitos dos atuais licenciados têm  nível equivalente ao Diploma do Antigo Colegial (?!). As esperadas competências nem sempre se comprovam. Então o professor precisa preparar-se melhor.



7. A Unidade Linguística do Brasil
Uma das marcas que orgulham o Brasil é a unidade linguística que a alguns, de mente tacanha, apoiados pelo MEC, talvez não agrade e por isso tentam criar cisão e implantar a cizânia.
A dignidade de nossa língua, como um dos maiores patrimônios nacionais, deve ser defendida denodadamente por todas as pessoas conscientes, competentes e responsáveis, com destaque para os formadores de opinião.
Escutar pessoas despreparadas ou ventríloquos, repetidores de chavões é um alto risco. Falam sem fundamento.
A espantosa unidade linguística do Brasil é um caso único no mundo, em tais dimensões.
Dizem elementos do grupo, que estamos contestando parcialmente, que a Unidade Linguística do Brasil é um mito. Não sabem o que estão dizendo... Negar o óbvio é algo atroz. Só diz esta bobagem quem não conhece o país ou aplica critérios  insólitos, de nível ideológico...
Os preconceitos, discriminações e outras carências combatem-se com uma agenda positiva que respeite a todos, pensando em justiça e solidariedade para todos, num país solidário e próspero.
A questão do ensino da Língua Materna é do interesse de toda a Nação e não apenas dos professores ou dos “linguistas”.

Contenda Insólita


III
CONTENDA INSÓLITA ENTRE LINGUÍSTAS E PROFESSORES

8. Uma Intromissão Inoportuna
Tenho deparado com textos eivados de ataques zombeteiros à unidade
da Língua Portuguesa, à gramática normativa. Na prática, propõe criar guetos linguísticos, na sociedade brasileira, com grupos confinados, pela língua em conflito. Algo que nunca existiu no país.
Somos uma Sociedade Democrática, não uma Sociedade de Castas. Querem transplantar para cá a desordem que se vive alhures.  Diria que são propostas desordeiras.
Hoje  a mais difícil barreira, entre os  povos, são as línguas. Como não temos essa barreira, alguns querem inventá-la. A Língua reforça  a unidade Nacional.
Além disto, a Língua Portuguesa é Língua Oficial em 8 Nações.
Os autores desta linha de pensamento assumem posição oposta ao processo de socialização global, entre todos os cidadãos brasileiros, sem barreiras linguísticas ou sociais, que também é missão da escola. Confunde o sistema linguístico com a norma e com a fala, cujos parâmetros  parece desconhecer.
Os títulos de alguém não o credenciam para se arrogar um saber que não possui. Ser docente da USP, da UNB ou da UNICAMP não confere imunidade ou infalibilidade em questões de ensino e pesquisa. Há sempre uma dimensão de tentativa e erro, às vezes contaminada por condicionamentos ideológicos que se sobrepõem à ciência e até à razão.
Antes de se intrometerem com o ensino de Língua Materna, os autores deveriam refletir na missão e objetivos da escola como  um todo e de cada um dos níveis e contextos , para pensarem na eventual reformulação do processo ensino-aprendizagem.

9. Argumentos Obscurantistas, Pedantes e Predadores
Alguns, não conseguem ter uma visão holística da Missão da escola. Mas também não sabem os limites entre os linguistas e os professores da língua materna. Por isso os linguistas arrogam-se o direito de se sobreporem aos professores de língua materna. Tremendo equívoco. Só pode levar ao caos. Ninguém pode se imiscuir na seara alheia, como mandatário, ou com uma autoridade que não possui.
Apesar de os textos em pauta terem alguns raciocínios válidos, no todo, trata-se de uma série de arrazoados obscurantistas, pedantes e predadores da Língua, alguém que tropeça nas próprias pernas.
No entanto é sabido que a língua é o maior tesouro de uma comunidade, como objeto de autoestima e de promoção social. É também o meio mais eficaz de pensamento e de comunicação.
As pessoas precisam estudar mais e vivenciar mais, antes de se proporem como tutores (?) de questões tão sérias. Precisam descartar os andaimes de seu pensamento e libertarem as ideias preconcebidas e preconceituosas. Não queiram piorar o que já está ruim.
Todos devemos ajudar a Educação Nacional se pudermos. Perturbá-la, nunca. A Educação Nacional já está em crise. Ninguém venha piorar a situação. Quem não souber ajudar, ao menos não perturbe. Se soubermos criticar, façamos críticas sensatas e construtivas.

10. Um Equívoco dos Linguistas a Superar
Alguns autores defendem a competência superior (?!) dos “linguistas” para estabelecerem normas ao ensino da Língua materna (??!) e criticam severamente a opinião de outros especialistas de outras áreas, como se a língua materna fosse apenas uma questão de linguística descritiva... É um estranho equívoco. É uma arrogância infantil de adolescente. E ainda há pessoas que dão espaço a essa gente! Até o MEC!
 Alguns julgam-se  no direito de  desdenhar  de quem pensa  diferente... É pena. Pior quando as pessoas se armam, em “patrulhas ideológicas...” e fazem ataques orquestradas.
Algumas pessoas  pensam que podem reformar ou recriar o mundo, com suas ideias apressadas e mirabolantes de “adolescentes” nas lidas científicas. Não percebendo a complexidade da vida, não sabem respeitar a obra de muitos sábios, que se fez e se consolidou com a contribuição de grandes estudiosos. É assim que algumas  empresas vão à falência sem se dar conta de que não há efeito sem causa.

11. A Língua Materna é o veículo de comunicação  e de pensamento das pessoas. Não é campo de experiências para aventureiros, sedentos de pseudo notoriedade. Como Heróstrato, são capazes de tudo...
No entanto,  a Educação está sim,  precisando de  pessoas que ajudem  a superar alguns de seus gargalos.
Essas pessoas penso  que poderiam  ajudar  muito, mas de outro modo, sem preconceitos e  com mais respeito e sem presunção de que têm o monopólio do que quer que seja. Não temos direito a descartar ninguém. Precisamos  saber somar e não dividir. Aqui não há lugar  para feudos...

definindo competência



IV
DEFININDO COMPETÊNCIA

12. A Língua Nacional Interessa a Todos
 Recentemente chegou-me às mãos um texto que mais parece o “samba do crioulo doido”, de tão incoerente e frágil como se apresenta. Parece guerrilha de “caras pintadas”, manipulados por interesses escusos...de políticas ou de políticos enfurecidos... Assunte é o Ensino da Língua Materna, na linha que analisamos. Critica os especialistas de outras áreas que interferem nas opiniões dos linguistas.

Apesar do deslumbramento de alguns pela linguística, cujos objetivos e limites parecem não ter ainda entendido muito bem, sinto dizer que, no caso em pauta, os não linguistas, (alguns), a que ele se refere, e de que desdenha e que discrimina, talvez saibam muito mais o que estão falando do que ele. Isto em nada prejudica ou diminui a importância da Linguística em nosso tempo.

Efetivamente, nós, linguistas, não temos e nem pretendemos ter o monopólio da ciência da linguagem humana, até porque esta tem razões que a própria razão desconhece. Todas as ciências têm seus limites de objeto e de metodologias. Todos os pesquisadores têm limitações que lhes proíbem a arrogância insustentável.
É traumático quando exorbitamos nas nossas competências.
É acabrunhante ver um “linguista” resmungar porque é perseguido ou discriminado por gramáticos, jornalistas e outros “otários”?! É falta de profissionalismo e de visão plural da sociedade. Não é por este caminho que se resolvem traumas. Fazer-se de vítima é no mínimo insólito.

13. O Diploma da Imunidade ao Professor
 “Linguista” que desconhece o capítulo “Sistema, Norma e Fala”, “os Níveis e Registros” ou outros temas correlatos, tem grave falha em sua formação científica.
O Linguista não tem direito de sair por aí esbanjando pseudo-autoridade, baseado num dogmatismo tacanho e atraindo o desdém de pessoas de outras áreas, capazes de  desmascará-los. A linguística não pode  estar na mão de imaturos. Ter na estante a Ilíada, de Homero, não significa conhecer a grande epopeia.
Ser Doutor, Mestre ou Licenciado em Linguística não dá imunidade ao profissional, em caso de erro ou desvio de atribuições. Nem lhe atribui direito de se sentir superior ao dar opiniões insustentáveis, duvidosas, arriscadas ou preconceituosas. Respeitemos  sempre a opinião de quem quer que seja e contestemo-la com a razão e não com a emoção, se discordarmos. Foi-se o tempo das vaquinhas de presépio.
A guerrilha entre linguistas, comunicólogos, professores e os pedagogos é algo ridículo. Cada um precisa se conter em seus limites, sem dogmatismos, sem atitudes  imaturas e indignas.
Saibamos que as ciências humanas têm limites interseccionados. Sejamos solidários nas nossas limitações e precariedades. Os absolutistas, aqui, dão-se mal.

14. A Missão de Cada Um
Nossa missão não é fazer currículo ou conquistar títulos acadêmicos ou espaços políticos, para este ou aquele partido ou governo. Nossa missão é observar o mundo real, em toda a sua complexidade e  construir soluções, a médio e a longo prazo, que ajudem a  criar  um mundo solidário, próspero e justo.
É contribuir para a formação de pessoas mais lúcidas, mais conscientes, mais competentes e mais solidárias.
Na escola, devemos cooperar para que cada aluno possa  desenvolver  seu potencial natural e seus talentos.
Todas as atitudes que somem são benvinda. Todas as que perturbam deverão ser rejeitadas, venham de onde vierem. Mas o diálogo está sempre em aberto.
Ensinar a Língua Materna, no nosso caso, a Língua Portuguesa, é competência específica do professor licenciado, a Didática faz parte da Licenciatura. Eventualmente o Pedagogo pode ajudar a definir os conteúdos a ensinar, nas diversas fases da Aprendizagem.
O Linguista não tem competência para atuar no Ensino Básico, a não ser como professor se tiver a licença correspondente à Disciplina.

Os grandes mestres da lingua portuguesa

V
OS GRANDES  MESTRES DA LÍNGUA PORTUGUESA
 E OS AVENTUREIROS

15. A Dinâmica de Uma Celeuma
A linguagem é sempre muito mais do que um modelo linguístico. E este é sempre reducionista, como todos os modelos. Não podemos, pois, erigi-lo como uma lei prepotente que tudo resolve. No cientista não cabe a arrogância do dogmático que se posiciona, além do bem e do mal..., capaz de dar solução a todos os problemas, contradições e precariedades, inerentes à condição humana.

A questão de ensino da Língua Materna é uma questão nevrálgica, que interessa a toda a nação, onde os “linguista” são apenas uma parte a ser também ouvida, criticamente, não mais que o Pedagogo, com humildade, rejeitando rolos compressores, sempre autoritários. Sem dogmatismos prepotentes e às vezes terroristas (...), quando movidos por razões políticas ocultas, às vezes deletérias.
Há alguns motivos ocultos, nesta celeuma, provocada pelo livro distribuído pelo MEC, mas está claro em outras obras.
Falarei disto em outro estudo.

16. O linguista, se tiver uma visão holística, sempre pode dar boa contribuição, desde que saiba compartilhar e articular conhecimentos, principalmente se tiver domínio das articulações semióticas do discurso.
Os dogmáticos e de visão meramente descritiva atuam em campo muito limitado.  Não têm direito de exorbitar de sua competência, como estão tentando fazer.

O saber da linguagem humana, duplamente articulada, passa pela linguística descritiva; mas passa também pela gramática normativa, pela semiótica, pela filosofia, pela sociologia, pela psicologia, pela Política da Língua e muito mais. Refiro-me a Política, com P maiúsculo.

Os grandes mestres Antônio Houaiss, Celso Cunha, Matoso Câmara,
entre outros, conheciam bem a questão, hoje, por muitos esquecida e até vilipendiada.

            17. Grandes Mestres da Língua Portuguesa
Não podemos negar méritos inquestionáveis a Napoleão Mendes de Almeida, a Eduardo Carlos Pereira, a Evanildo Bechara, a  Segalla e a outros grandes e operosos gramáticos, que ocuparão um lugar privilegiado no nosso Panteão de estudiosos dedicados da Língua Portuguesa. Cada um deu a contribuição que pode. Falhas? Todos os temos. Só erra quem faz. O rol dos nossos maiores gramáticos ainda está por ser elaborado. Um dia alguém o fará.

Temos grandes mestres, da Língua Portuguesa, tanto aqui como em Portugal e em outros países da Lusofonia. Querer esquecê-los ou descartá-los é um atrevimento torpe e inqualificável. É temerário.
Só merece respeito quem dá respeito. Quem não respeita a dignidade dos outros, perde a própria. Há muita indignidade, nesta contenda, principalmente da parte de alguns “linguistas”.

Alguns gramáticos também tropeçam, de vez em quando. Só erra quem tem coragem de sair da inércia e vai à Luta, tentando fazer algo que contribua para o desenvolvimento das ciências da linguagem e da prática do ensino de Língua Materna.
Estudo sério da Língua também é questão de visão cidadã.
A Gramática Normativa é o grande manual do proprietário da Língua, o falante.

18. Espaços Específicos da Linguística e da Gramática
A Gramática Normativa, inventada há mais de 2.000 anos, é uma obra necessária e sempre será. É indispensável. É uma sistematização funcional da Língua-Norma padrão, ao nível da Morfologia, da Sintaxe, da Semiótica, da Semântica e da Estilística.
A Linguística é uma básica fundamental. Fornece os modelos de articulação das Línguas. Certamente há maus linguistas como há maus gramáticos, como há maus sociólogos. No entanto,  a Linguística tem um papel imprescindível no nosso tempo. Quem pretender atropelar o outro perderá a credibilidade, por estar fora de lugar.
A Gramática Descritiva é competência dos linguistas, mas só é válida em nível superior.
O diálogo leal, franco e construtivo entre os professores de português, os linguistas, os filósofos da linguagem, os sociólogos, os psicólogos e os pedagogos poderá ser sempre auspicioso, se adequadamente focado.

19. Não temos direito de passar por cima de centenas de grandes, dedicados e sábios especialistas que estudaram e normatizaram a nossa Língua fazendo-a mais bela e versátil. Precisa ser revista permanentemente, pois a língua é dinâmica.
Apelo para que todos deixem  de lado as próprias idiossincrasias e cada um reconheça as próprias limitações de seu campo de saber. Que, em vez de dividir, somemos. Nada é tão bom que não possa melhorar.