quinta-feira, 27 de março de 2008

Passando a Limpo a Nossa História Recente

PASSANDO A LIMPO
A NOSSA HISTÓRIA RECENTE
Centenário da República, em Debate
Valores, Problemas e Perspectivas
(Esboço de uma Proposta)
J. Jorge Peralta
“Ninguém sabe  que coisa quer
Ninguém sabe  que alma tem...
“Oh! Portugal, hoje és nevoeiro”
F. Pessoa
“Nunca mais se deve falar na questão
de unir a Espanha  e Portugal”
Agostinho da Silva

           
1.      A Nova Restauração Psico-Social
Num trabalho recente (“Recuperar a Auto-Confiança dos Povos
Lusófonos”), falei da necessidade de nossos povos irmãos recuperarem a sua auto-confiança, seu orgulho e a sua natural altivez. Falei da urgência de  superar uma certa auto-complacência, pouco estimulante à superação dos problemas sócio-econômicos e psico-culturais, que nos incomoda há 50 anos, desde a “Guerra Colonial”, com agravamento há 35 anos. O processo de descolonização  atabalhoado e a revolução de 25 de Abril pioraram a situação. Nosso céu foi ficando mais cinzento.
Falei da necessidade de superar um certo e injusto complexo de culpa que nos leva a desprezar  o que temos de melhor e a supervalorizar os outros países, apequenando-nos.
Disse que “está na hora  de a nação saber a verdade de sua história recente, para superar os traumas que a perturbam e provocam um certo clima cinzento,  disseminado pelo país.
Isto me fez lembrar o poema final, inquietante, da “Mensagem” de Fernando Pessoa:
“Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém sabe que alma tem,
Nem o que é mal, nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!”
Não podemos carregar as culpas dos crápulas que decidiram pelo país, arbitrariamente, sem nos consultarem.
Eles, só eles, precisam responder por seus desmandos e atos irresponsáveis.
Para isso há a justiça (?!)
Num texto publicado no Portugalclub, quase um ano atrás, propus a organização de um Congresso para estudar a História Recente dos povos lusófonos e suas perspectivas. Reitero a sugestão. É a hora.

É preciso lavar a alma da nação e despertar para uma nova descoberta do País, com Nova Restauração das Forças que a alimentam.
Precisamos reencontrar os motivos de orgulho de ser português e de ser lusófono, que são muitos.
Precisamos reencontrar nossos caminhos, ou refazê-los.
Precisamos cultivar mais e melhor, nossos valores, nossa cultura e nossa língua, como algo que nos engrandece.

2.      Neste texto faço propostas práticas, no rumo da concretização
daquelas reflexões,  dentro do processo: pensar, compartilhar, agir.

2.1  Verificando que, efetivamente, temos muitos valores a comemorar,
como temos muitas mazelas a deplorar, em nossa história recente, propomos:
 que se faça um estudo leal, sincero, patriótico e universalista sobre a história recente  de Portugal, nos últimos  100 (cem) anos (1910 a 2010). Desde a proclamação da República (abrangendo os antecedentes). O objetivo seria  pôr a nação frente a frente, com a verdade histórica, vista de diversos ângulos. Sem revanchismos estéreis.
Genericamente, seriam estudadas as seguintes grandes divisões, a serem posteriormente desdobradas e detalhadas:

1 ) Processo de Instauração da República;
2 ) Regime Republicano até 1926;
3 ) Estado Novo 1926-1974;
4 ) Guerra Colonial;
5 ) Revolução de 25 de Abril;
6) Processo de descolonização;
7) Organizações, Intercâmbios e Perspectivas dos Povos Lusófonos;
8) Da CPLP à UPL;
9) O Projeto GlobiLíngua, como um paradigma inovador de desenvolvimento e expressão dos países Lusófonos.

2.2  Em cada parte seriam estudados os seguintes parâmetros:
a) causas, desdobramentos e consequências; b) posicionamento do povo, em nível nacional; c) consulta da vontade da nação: Plebiscito; d) interferências de forças estrangeiras.

2.3 Seriam organizadas comissões (paritárias (!)) para expor estudos e depoimentos sobre a verdade do processo de Proclamação da República, sem retoques, com suas causas, forças em conflito,  interesses em jogo e suas consequências e a participação e atitude do povo, em todas as fases do processo. O Povo foi consultado, ou uma  minoria decidiu?
Seriam também abordados os primeiros 16 anos da República e seu contexto e realizações.

2.4 Seria analisado o Estado Novo, em suas diversas fases, contexto nacional e internacional, seus problemas e suas realizações.

2.5 Seria analisado o processo de implantação do 25 de Abril:
Suas fases de desenvolvimento, seus compromissos, pressões e comprometimentos nacionais e internacionais; a participação e atitudes do povo, no campo e nas cidades.
A adesão à U.E., seus compromissos, causas e consequências;
As causas da decadência da economia e da educação em Portugal;
Os compromissos internacionais, explícitos ou sigilosos, nos últimos governos, etc.
 Principalmente  as questões da inter-relação e cumplicidades dos povos Ibéricos.
Quem eram os líderes dos movimentos e qual a sua credibilidade, por sua atuação anterior. Quem são os golpistas, os desertores? Quem são os traidores e quem são os heróis?

2.5 Seria abordada também:
 a) A questão da União dos Povos Lusófonos, como nações soberanas, em todas as suas dimensões;
b)  Repúdio à propostas falaciosas, da União Ibérica,  com um projeto invasor camuflado.
 c)   A atuação efetiva e a dinamização da CPLP;
 d) Os sistemas de intercomunicação dos Povos Lusófonos e seu fortalecimento, etc;
e) Propostas de Associação de Povos Ibéricos: Portugueses, Castelhanos, Galegos, Catalões, Bascos, etc, etc

2.7 Guerra Colonial, gênese e desenvolvimento. Causas e consequências. Divergências e convergências.

2.8 Processo da Descolonização. Divergências e Convergências – Causas, desdobramentos e consequências, ressentimentos e cooperação; perspectivas. O povo foi ouvido? Foi feito plebiscito para saber a vontade do povo? Casos a deplorar e casos a celebrar.
2.9 Status da Língua Portuguesa como Língua Internacional e Língua da Globalização.

3.      Alguns Parâmetros do Evento

3.1 Seriam arrolados muitos dos trabalhos já publicados em websítios da
comunidade de toda a Lusofonia, com destaque para o Portugal Club. Como  ponto de partida uma Comissão selecionaria os trabalhos mais representativos.

3.2  Propõe-se que sejam tomadas as medidas cabíveis para que a
primeira fases dos trabalhos seja realizada no dia 10 de outubro de 2010, data em que se comemora o centenário da Proclamação da República  ou na véspera.

3.3  Os trabalhos poderiam ser realizados no Brasil e em Portugal.
Talvez  em São Paulo, em Lisboa e eventualmente em outros lugares.

3.4   Seria necessário buscar apoios, para cada capítulo, nas agências
de fomento à cultura.

3.5   O evento seria organizado por uma ONG, a ser criada, em parceria
com a CPLP e apoio de outras instituições.

            4. Campanhas para fortalecer a Identidade Lusófona. Neste evento poderá ser estudada a necessidade de organizar uma grande campanha, nacional e internacional para fortalecer e divulgar a identidade dos países lusófonos e seus valores e perspectivas. Precisamos levantar a bandeira da Identidade Nacional, da Portugalidade e Lusitanidade.
            Os nossos valores da nossa nacionalidade, que se projetam em sua universalidade, precisam ser realçados.

[Plano em Construção]

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