USP tem 1,4 mil estudantes estrangeiros na graduação e pós-graduação | |
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Os estudantes que vêm cursar a graduação representam 0,88% do total da universidade. Além desses, são 100 intercambistas na graduação (matriculados como alunos especiais) e 1.030 cursando a pós-graduação na USP (3,4% dos 30.313 alunos de pós). Somando-se graduação e pós, os estrangeiros representam 1,92% da população discente.
Programas para estrangeiros
O PEC (Programa Estudante-Convênio) permite a estrangeiros cursar toda a graduação ou pós na USP, porém eles não podem exercer a profissão no Brasil. Já para o Programa de Intercâmbio Internacional, que vai de seis meses a um ano de experiência fora do país, é preciso ter completado ao menos 20% do curso. O intercambista monta a grade curricular de acordo com seu interesse, e pode reaproveitar as horas de aula quando retorna para casa. Os dois programas oferecem número limitado de vagas. Ilza relata: ?Temos um acordo com o Centro de Línguas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) para que os alunos frequentem aulas de português. O maior problema deles costuma ser a língua, mas não a adaptação e as amizades?.
Ruth Neves dos Santos, que há quatro anos faz Medicina, concorda. ?Apesar de meu país ser lusófono, tive dificuldade com sotaques e gírias?, diz ela, que é de São Vicente, uma ilha de Cabo Verde. ?As pessoas de lá gostam muito do Brasil. É inclusive a terra da cantora Cesárea Évora, que tem uma música sobre seu país...?, diz ela, cantarolando: ?São Vicente é um Brasilin / Chei di ligria, chei di cor?.
Segundo ela, a maior angústia de um estrangeiro é no começo do intercâmbio. ?São tantas aulas, e a saudade é grande... Me perdi muitas vezes em São Paulo, no início do curso?, diz, entre risos. ?Não me sinto mais estrangeira. Os professores e alunos são como uma família?. Ruth acredita que os conveniados têm uma ?dívida? com seus países. ?Não posso frustrar as expectativas investidas em mim pelo governo e pela minha família?, afirma, lembrando que Cabo Verde tem apenas 29 anos de existência e nenhuma universidade.
Ruth Neves em recepção aos estudantes estrangeiros na USP |
O estudante de Ciências Sociais Roberto Na Quadé, natural de Guiné-Bissau, é presidente da Associação de Estudantes Africanos do estado de São Paulo. Engajado nas questões raciais, ele afirma que é essencial unir os estudantes estrangeiros das diferentes universidades. ?Organizamos uma Semana da África na USP, do dia 22 a 29 de abril, com palestras e festividades. Muitas pessoas não sabem, mas o dia da África é comemorado em 25 de abril, date em que foi criada a Organização de Unidade Africana (OUA), bloco semelhante à União Européia?.
Sobre os pesquisadores estrangeiros nas universidades, Quadé concorda que há poucos, mas expressivos, como Kabengele Munanga [professor de Antropologia da USP]. ?O preconceito racial sempre existiu. A dificuldade do vestibular, por exemplo, faz com que alguns estudantes acreditem que aqui estuda a ?elite? branca e européia, mas a realidade é que a USP é um universo multicultural?.
Acesso à USP
Para sanar as dificuldades de movimentação dos estrangeiros pela USP e por São Paulo, o Laboratório do curso de Turismo da ECA criou em 2004 o Projeto Bumerangue. Carine Botelho Previatti, integrante do Bumerangue, informa que a partir do segundo semestre os intercambistas receberão um Guia do Estudante Estrangeiro, com mapas, horários de ônibus e informações sobre o campus da USP. ?Amanhã (05), levaremos os intercambistas para conhecer a Serra da Cantareira. Nos encontraremos às 9h da manhã na entrada da Portaria 1?, afirma Carine. Porém, ela relata que é muito difícil manter o contato com os estrangeiros. ?Para você ter uma idéia, ainda estamos aguardando confirmações sobre quantas pessoas vão ao passeio?.
Tanto os alunos conveniados pelo PEC quanto os do Programa de Intercâmbio Internacional tem acesso aos serviços oferecidos pela USP, exceto ao Conjunto Residencial da USP (Crusp), ao qual apenas os conveniados podem concorrer. Outra questão é o preço do restaurante universitário, que para os intercambistas é o mesmo de visitantes.
Yadira Yaneth, mexicana de dezenove anos, reclama. ?Não pude concorrer ao Crusp, e custa caro comer no ?bandejão?. O custo de vida do Brasil é equivalente ao do México, por isso não sofri grandes problemas financeiros. Mas imagino que há outros estudantes em condições piores que as minhas?.
Yaneth, natural de Colima, decidiu cursar disciplinas de Letras na USP. ?Eu gostaria de ter ido ao campus de Ribeirão Preto, mas me confundi com os nomes das faculdades [FFCLRP e FFLCH]?. Ao ser informada de que em Ribeirão Preto não há curso de Letras, a garota ficou surpresa. ?Por uma confusão, só fiquei sabendo que faria o intercâmbio quinze dias antes da viagem, enquanto o aviso deveria ter vindo dois meses antes. Estou aqui sem bolsa de estudos?, relata a intercambista. Ilza afirma, no entanto, que a USP não oferece bolsas de estudo, e sim a isenção de taxas ? moradia, alimentação e transporte ficam por conta dos que vão e dos que vem fazer intercâmbio.
A mexicana contesta a informação de que é difícil fazer amigos na USP se você é estrangeiro. ?Fiz muitos, inclusive na CCInt?, diz Yaneth. ?Comecei minha vinda ao Brasil com uma aventura: imaginei que haveria alguém me esperando no Aeroporto de Guarulhos. Fiquei chocada ao saber que teria que pegar um ônibus até o shopping Eldorado, e eu só possuía dólares comigo?, relata. Para sua sorte, um rapaz que estava no mesmo vôo lhe emprestou dinheiro e indicou o caminho. ?Foi um pouco apavorante para o início do intercâmbio. Mas aqui no Brasil, vocês dão um jeitinho para tudo, não??.
Mais informações sobre convênios entre universidades e intercâmbios no sitehttp://www.ccint.usp.br/.
[dados: Anuário estatístico da USP de 2002]
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