V
OS GRANDES MESTRES DA LÍNGUA PORTUGUESA
E OS AVENTUREIROS
15. A Dinâmica de Uma Celeuma
A linguagem é sempre muito mais do que um modelo linguístico. E este é sempre reducionista, como todos os modelos. Não podemos, pois, erigi-lo como uma lei prepotente que tudo resolve. No cientista não cabe a arrogância do dogmático que se posiciona, além do bem e do mal..., capaz de dar solução a todos os problemas, contradições e precariedades, inerentes à condição humana.
A questão de ensino da Língua Materna é uma questão nevrálgica, que interessa a toda a nação, onde os “linguista” são apenas uma parte a ser também ouvida, criticamente, não mais que o Pedagogo, com humildade, rejeitando rolos compressores, sempre autoritários. Sem dogmatismos prepotentes e às vezes terroristas (...), quando movidos por razões políticas ocultas, às vezes deletérias.
Há alguns motivos ocultos, nesta celeuma, provocada pelo livro distribuído pelo MEC, mas está claro em outras obras.
Falarei disto em outro estudo.
16. O linguista, se tiver uma visão holística, sempre pode dar boa contribuição, desde que saiba compartilhar e articular conhecimentos, principalmente se tiver domínio das articulações semióticas do discurso.
Os dogmáticos e de visão meramente descritiva atuam em campo muito limitado. Não têm direito de exorbitar de sua competência, como estão tentando fazer.
O saber da linguagem humana, duplamente articulada, passa pela linguística descritiva; mas passa também pela gramática normativa, pela semiótica, pela filosofia, pela sociologia, pela psicologia, pela Política da Língua e muito mais. Refiro-me a Política, com P maiúsculo.
Os grandes mestres Antônio Houaiss, Celso Cunha, Matoso Câmara,
entre outros, conheciam bem a questão, hoje, por muitos esquecida e até vilipendiada.
17. Grandes Mestres da Língua Portuguesa
Não podemos negar méritos inquestionáveis a Napoleão Mendes de Almeida, a Eduardo Carlos Pereira, a Evanildo Bechara, a Segalla e a outros grandes e operosos gramáticos, que ocuparão um lugar privilegiado no nosso Panteão de estudiosos dedicados da Língua Portuguesa. Cada um deu a contribuição que pode. Falhas? Todos os temos. Só erra quem faz. O rol dos nossos maiores gramáticos ainda está por ser elaborado. Um dia alguém o fará.
Temos grandes mestres, da Língua Portuguesa, tanto aqui como em Portugal e em outros países da Lusofonia. Querer esquecê-los ou descartá-los é um atrevimento torpe e inqualificável. É temerário.
Só merece respeito quem dá respeito. Quem não respeita a dignidade dos outros, perde a própria. Há muita indignidade, nesta contenda, principalmente da parte de alguns “linguistas”.
Alguns gramáticos também tropeçam, de vez em quando. Só erra quem tem coragem de sair da inércia e vai à Luta, tentando fazer algo que contribua para o desenvolvimento das ciências da linguagem e da prática do ensino de Língua Materna.
Estudo sério da Língua também é questão de visão cidadã.
A Gramática Normativa é o grande manual do proprietário da Língua, o falante.
18. Espaços Específicos da Linguística e da Gramática
A Gramática Normativa, inventada há mais de 2.000 anos, é uma obra necessária e sempre será. É indispensável. É uma sistematização funcional da Língua-Norma padrão, ao nível da Morfologia, da Sintaxe, da Semiótica, da Semântica e da Estilística.
A Linguística é uma básica fundamental. Fornece os modelos de articulação das Línguas. Certamente há maus linguistas como há maus gramáticos, como há maus sociólogos. No entanto, a Linguística tem um papel imprescindível no nosso tempo. Quem pretender atropelar o outro perderá a credibilidade, por estar fora de lugar.
A Gramática Descritiva é competência dos linguistas, mas só é válida em nível superior.
O diálogo leal, franco e construtivo entre os professores de português, os linguistas, os filósofos da linguagem, os sociólogos, os psicólogos e os pedagogos poderá ser sempre auspicioso, se adequadamente focado.
19. Não temos direito de passar por cima de centenas de grandes, dedicados e sábios especialistas que estudaram e normatizaram a nossa Língua fazendo-a mais bela e versátil. Precisa ser revista permanentemente, pois a língua é dinâmica.
Apelo para que todos deixem de lado as próprias idiossincrasias e cada um reconheça as próprias limitações de seu campo de saber. Que, em vez de dividir, somemos. Nada é tão bom que não possa melhorar.
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