TROMBADA DO MEC AFRONTA A EDUCAÇÃO
ENSINO DA LINGUA MATERNA EM DISCUSSÃO
José JPeralta
I
CONCEITOS DELETÉRIOS EM LIVROS DIDÁTICOS CHEGAM À ESCOLA
1. O Tropeço do MEC
O Ministério da Educação do Brasil acaba de apoiar um ataque
gratuito à unidade linguística do país, apoiado em autores em que escasseia uma visão holística e universal do universo linguístico da nossa Língua Portuguesa.
O MEC deu aval a uma linha de pensamento nefasta prejudicial à construção de uma sociedade solidária e plural, com oportunidades iguais para todos. Desrespeita à dignidade dos cidadãos brasileiros, atuantes, pelo bem do país, no ensino de Língua Materna e ainda discrimina os carentes, ao propor no ensino da Língua Materna, um modelo precário, como se todos não assistissem TV e não escutassem rádio e o padre, ou pastor, além de outras pessoas cultas, vivendo em guetos, isolados do mundo. Inacreditável equívoco!
Não é com uma educação pobre que se ajuda os pobres a vencer a pobreza. Educação pobre e frouxa reproduz pobreza e confina os pobres nos espaços pobres, sem alternativa. Preservar a pobreza.
A Educação precisa ser adequada, mas não rebaixada. Rebaixá-la para as pessoas da periferia é crueldade, discriminação e preconceito e é demagogia barata.
Educação Democrática é forte e firme para todos. Apenas é preciso adequá-la na metodologia e na motivação, sem discriminação.
Os frouxos não chegarão a lugar nenhum. Os mornos submergem
Não esqueçamos que os mais fortes símbolos de um país são a Língua Oficial e a Bandeira. As duas exigem o máximo respeito e precisam ser ensinadas com o máximo respeito.
2. Preconceito Contra Alunos da Periferia
Discriminar os alunos das “periferias” como se fossem menos talentosos é, no mínimo, uma atitude falsa e antidemocrática. Quem já trabalhou com a “periferia” e com as classes A e B sabe que todos nascem com idêntico potencial de inteligência. O que distingue as pessoas não é o berço mas as oportunidades educacionais de que dispõe. Muitas vezes as crianças da periferia têm até um potencial maior. Se lhes dermos oportunidade de desabrochar poderão vir a ser pessoas de destaque. O determinismo do fracasso não é válido em regimes democráticos.
O MEC está dando o aval a uma discórdia insana. Alguns dizem que combatem o preconceito linguístico. No entanto, o que fazem é criar preconceitos de muitas dimensões, sonegando conhecimentos, como se as pessoas da periferia fossem menos capazes de aprender.
Precisamos criar e incrementar estratégias para superar nossas precariedades sócio-educacionais e não para perpetuá-las. Educação de qualidade para todos é uma exigência inquestionável.
3. Estratégia Deletéria em Livros Didáticos
Está em jogo, detonando rumorosa polêmica nacional e internacional, o livro “Por uma Vida melhor”, distribuído pelo MEC, cujo título mascara o descontrole provocado pela obra. Mas o problema está muito além deste livro. É questão de uma estratégia deletéria que instrumentaliza o espaço escolar, que deveria ser inviolável a jogos estranhos. O problema está nas diretrizes de opção e em seus gurus.
Problema muito mais sério do que o livro, que motivou esta polêmica, são outros livros didáticos, da mesma linha, há alguns anos sendo adotados como livro texto em Faculdades, nos cursos de Letras e no Ensino Básico.
O Brasil só agora está tomando ciência do que acontece nas escolas!! Antes tarde do que nunca.
O MEC deixou-se dirigir por neófitos que parece não medirem as consequências de suas ideias. As propostas precisam de amadurecimento para serem implantadas, em tais dimensões. Ideias superficiais e imaturas não resolvem, antes agravam as carências escolares e as perturbam e perpetuam.
Como princípio as inovações são difundidas somente após séria experimentação, em alguns espaços paradigmáticos, em contexto e condições diferenciados, cientificamente acompanhadas e avaliadas. Aqui falta rigor, respeito e prudência. Há claros posicionamentos imaturos. A ideologia subjacente prejudicou o bom senso.
4. A Decadência da Educação e a Arrogância de Alguns Linguistas
O texto, com outros estudos paralelos que lhe dão sustentação e defesa, rebaixa e nivela por baixo, em vez de elevar o nível sociocultural das comunidades.
Criou-se então uma polêmica que só pode cessar quando o MEC recolher todo o material distribuído às escolas, com tão perniciosas diretrizes. Aliás, a Justiça já deu ordem de recolha da obra em pauta, que escarnece da inteligência nacional.
Não permitamos que se agrave a decadência em que está mergulhada quase toda a nossa Educação.
Falta, a certos, “especialistas”, algumas noções de humanismo e respeito ao “outro”, que pensa diferente, com todo o direito. Faltam-lhes algumas noções de convivência e consciência de que ninguém é superior a ninguém e que ninguém tem o monopólio da verdade ou do certo e do errado. E muito mais. Quem tenta humilhar o outro sai humilhado. São os demolidores que acabam nos escombros que produziram. Um dia talvez aprendam que é melhor somar do que dividir, ainda que dê mais lucro falar de preconceito. Aos educadores exige-se mais lucidez e mais serenidade. O Diálogo é fundamental.
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