sexta-feira, 26 de março de 2010

sonoridade 7

VII
Grupos Vocálicos
Processo Eufónico da Linguagem
15. A Língua Portuguesa tem como uma de suas características marcantes e muito apreciadas, por pessoas de outras línguas, a sonoridade da fala, com seus tons e meios tons.
A harmonia e o ritmo fazem parte do gênio da nossa língua.
É uma língua muito agradável, por sua sonoridade, uma língua social, democrática e muito gentil: muito comunicativa, quase diríamos: muito afável, cortês...
Mas é também e sempre uma língua forte, veemente, incisiva, vibrante e guerreira.
A economia da linguagem e eufonia da sonoridade são princípios que presidiram à construção da estrutura de nossa língua.
A Língua Portuguesa evita vogais em hiato (saúde) ou alguns encontros de consoantes (advogado, dificuldade, psicologia). No Brasil as pessoas menos cultas corrigem a aspereza dos raros encontros consonantais: ad(e)vogado; p(e)sicologia; dig(e)no.
Alguns brasileiros, com certo ar de purismo esclarecido (!), suavizam palavras fortes como paz: pa(i)z.
Ao proceder do Latim, as formas se arredondam:
Plumbo → chumbo; Plenum → cheio.
As semi-consoantes tendem a se transformar em semi-vogais, formando ditongos: sol → sóis (e não soles); azul → azuis (e não azules);
Os grupos vocálicos (ditongos e tritongos) são formas que amaciam o ritmo e a harmonia da fala.
Com estes recursos estruturais da Língua Portuguesa, criou-se uma Língua que permite uma fala muito versátil e melodiosa, evitando as formas marteladas e ásperas de que o castelhano, não se livrou, nem outras línguas, com menos incidência de vogais.
16. O sistema de articulação vogal/consoante faz a língua portuguesa muito forte e ao mesmo tempo afável. É uma língua que está adequada para o pensamento, para a ação e para o comando (Ex: Vá! Vá lá! Pare!). É uma língua de gente empreendedora e audaciosa; de gente que faz.
Mas é também a língua gentil, da convivência e da confraternização. Língua humilde e altiva. É língua de luta e língua de paz, adequada a todas as circunstâncias da vida. É uma língua vital. É uma língua ondulante, arredondada, pouco angulosa.
Tinha razão o poeta Antônio Ferreira (Lisboa, 1528-1569) ao decantar sua língua materna:
“Floresça,fale, cante, ouça-se e viva
a portuguesa língua, e já onde for,
senhora vá de si, soberba e altiva”
(Antônio Ferreira – Lisboa, 1528-1569)

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